Em junho do ano passado, um grupo de alunos da Produção começou uma mobilização para criar oficialmente a Confraria Acadêmica da Engenharia de Produção (CAEP) – o que aconteceu em novembro. Segundo os integrantes da chapa “Um novo começo”, não foi fácil mobilizar o corpo discente em meio à pandemia. Mas um dos objetivos da CAEP é justamente aproximar e integrar os alunos e contribuir para criar um senso de pertencimento deles em relação ao curso, como assinala o presidente Remi Dupuis.
Atualmente a confraria da Engenharia de Produção conta com ele na presidência, Suzan Trabulsi, na vice-presidência e um time de quatro assessores que se distribuem na atuação relativa às diretorias Acadêmica, Carreira e Empreendedorismo, Imagem e Comunicação, Inclusão e Eventos e Patrimônio e Finanças. Na entrevista a seguir, os integrantes da CAEP falam sobre o trabalho em desenvolvimento.
A CAEP foi criada oficialmente em novembro em plena pandemia, quais foram as motivações?
Izabella Gatto: Observou-se a vacância existente no relacionamento entre os alunos e os professores, departamento e instância superiores. Por isso, foi estudada a possibilidade de trazer de volta a confraria, que há alguns anos existiu na Engenharia de Produção. Mapeou-se os alunos que tinham interesse em participar e fez-se uma organização de cargos entre eles. Elaborou-se o estatuto da organização, que foi apresentado aos professores, representantes de outras confrarias e ex-alunos. Tendo a aprovação de todos, foi feita a Cerimônia de Oficialização da CAEP.
Remi Dupuis: Complementando o que a Izabella disse, queria ressaltar que aproximar mais os alunos entre si e criar um senso de pertencimento com o curso foram motivos para muitos ajudarem a CAEP.
Gabriela Sales: Os alunos que ingressam na faculdade costumam manter um maior contato com aqueles que entraram no mesmo SISU. Um dos objetivos era provocar a unidade do curso como um todo, conectando os alunos de vários períodos, incentivando a troca de experiências. Também percebemos que com a entrada de calouros no meio da pandemia, eles ficariam ainda mais perdidos com a quantidade de informações novas.
Suzan Trabulsi: E sempre pensando em contribuir de alguma forma para a excelência acadêmica do curso, o pilar acadêmico é forte na CAEP.
Já houve representações de alunos da Produção, confrarias informais em outras épocas. Por que só recentemente foi formalizada?
Remi: O fato de ser uma iniciativa oficial não nos garante tantas vantagens assim. Acredito que preferiram, com razão, concentrar seus esforços na execução de outros projetos. No nosso caso, a oficialização serviu para dar mais estrutura à CAEP. Pois com ela, vem uma responsabilidade junto ao curso, que faz com que não abandonemos a ideia facilmente.
Suzan: A nossa busca por uma formalização foi bem em linha com o aprendizado tido com os fundadores iniciais que focaram muito seus esforços no “hoje” e como melhorar o curso, uma visão de curto prazo. E nós estamos buscando garantir a longevidade primeiro, com uma visão de médio prazo, para posteriormente pensarmos no “hoje”.
Como foi mobilizar os alunos para uma eleição no contexto da pandemia?
Remi: Foi bastante difícil. Muitos de nós nunca tinha se visto presencialmente e, além disso, a maioria estava bem sobrecarregada com o encurtamento dos períodos letivos para 12 semanas.
Suzan: Além disso, havia a dificuldade de mobilização por meios virtuais. Então, como apresentar a proposta da chapa e mobilizar os colegas de curso na votação?
Como é a divisão das responsabilidades na prática dentro da confraria? Além da diretoria há alunos que participam sem terem sido eleitos?
Remi: Na prática, para nossa gestão, o sistema de diretorias não foi efetivo. Assim, aprendemos a dividir nossas ações em projetos que diferentes membros executam sem passar pela “hierarquia” das diretorias.
Suzan: Esse formato reduziu a verticalização da confraria e vem nos possibilitando maior agilidade e qualidade na execução.
Um dos objetivos da CAEP é fazer uma ponte da faculdade com o mercado de trabalho?
Remi: Queremos ser mais ativos, mas o que temos feito é falar um pouco sobre as diferentes áreas da Engenharia de Produção para os calouros e, futuramente, pretendemos tentar aproximar o curso de tecnologia e programação, a partir da promoção de pequenos hackathons.
Suzan: Esse pilar é importante para os alunos da Engenharia de Produção, mas esbarramos em dificuldades do período remoto.
Como atuam em prol da diversidade e inclusão?
Wytalo de Oliveira Sobrinho: A área de diversidade e inclusão começou tendo como objetivos principais informar sobre assuntos que não são tratados habitualmente e também acolher a maior variedade de nichos, para gerar a sensação de pertencimento nos alunos. Atualmente temos dois membros voltados ativamente na execução do projeto, mas as ideias são compartilhadas por mais membros para que a criatividade não fique restringida à uma dupla. Por ser recente, as publicações nas redes sociais têm tido um feedback baixo, porém crescente, que com o tempo e a divulgação correta tende a aumentar.
Suzan: Acho importante falarmos um pouco do surgimento da frente. Em um curso de engenharia no qual tais pautas sociais são pouco debatidas, mas que são exigidas no mercado de trabalho, é importante o desenvolvimento de tais competências. Então, pensando nisso, criamos essa frente de conteúdo.
O que é mais delicado ou difícil neste momento para o corpo discente da Produção?
Emanuelle Chiote: Considero a socialização como o aspecto mais delicado para nós, porque é bem mais difícil criarmos laços de amizade e integração geral nas turmas já que não estamos próximos fisicamente. Além disso, o espaço da aula on-line não permite que o professor conheça cada um de seus alunos propriamente e por não haver momentos descontraídos, onde a conversa vá além do assunto da matéria, a relação entre os estudantes e professores é distante. Dessa forma, a comunicação entre as duas partes é dificultada, o que prejudica o processo de aprendizado. O que considero estar sendo mais difícil para a maioria é lidar com a enorme quantidade de atividades e aulas assíncronas vinculadas às disciplinas, que junto às aulas síncronas somam uma carga horária pesada.
Acreditam que precisam dar atenção especial aos calouros que ingressaram durante a pandemia?
Remi: Sim, é um dos nossos maiores desafios e preocupações.
Suzan: Se não atuarmos no acolhimento e onboarding, a taxa de evasão tenderá a aumentar e não estaríamos contribuindo para a missão da Escola Politécnica da UFRJ de formar excelentes profissionais.
E em relação aos veteranos, quais são as reivindicações do momento?
Remi: Há muitas queixas e dúvidas sobre a burocracia, dificuldade de conseguir vagas nas disciplinas. Além disso, nas questões mais políticas como a nova resolução de estágio ou regras sobre o ensino remoto, a CAEP busca entender a situação do curso para melhor representá-lo junto ao CAEng e outras instituições ou grupos.
Como tem sido a comunicação com o corpo discente? Estão interagindo bem com vocês?
Remi: Utilizamos o WhatsApp e o Instagram como principais meios de comunicação. Acredito que a maioria já conhece a CAEP, pois frequentemente me procuram com alguma dúvida ou problema. Três a quatro vezes na semana, pelo menos.
Algum aspecto do curso está mais sacrificado em função da pandemia?
Suzan: A Engenharia de Produção sempre se destacou pela grande formação fora da sala de aula com os trabalhos de campo e, naturalmente, com a pandemia esses trabalhos foram modificados, havendo uma menor carga prática do conteúdo.
Acreditam que a experiência desses períodos com aulas remotas pode contribuir positivamente para formação de vocês?
Remi: Ainda não vejo pontos positivos do ensino remoto pensando no longo prazo.
Suzan: Acho que com a pandemia tivemos que nos reinventar, descobrir um novo modelo de estudo no ambiente residencial, a lidar e evitar distrações assistindo às aulas no ambiente doméstico. E como engenheiros temos que pensar em como resolver problemas e sair da zona de conforto. Certamente a pandemia vem sendo um primeiro teste para tal.
Já tinham participado de alguma entidade de representação estudantil antes? O que os motivou e o que esperam da experiência à frente da CAEP?
Remi: Estou no 5° período e antes da CAEP fiz uma iniciação científica, monitoria e atuei na Fluxo Consultoria. O que mais me motivou a criar a CAEP foi poder devolver algo concreto para o curso e à UFRJ, ajudando os alunos e, principalmente, aproximando os alunos entre si para criar um senso de comunidade mais forte no curso.
Suzan: Estou no 7° período, também fiz uma iniciação científica e atuei no UFRJ Consulting Club. O que mais me motivou a criar a CAEP foi a oportunidade de contribuir ativamente para a melhoria do ecossistema do curso de Engenharia de Produção da UFRJ, além da liderança naturalmente desenvolvida com a responsabilidade da vice-presidência.
Quando será a próxima eleição? Até quando vocês ficam à frente da confraria? Estão se movimentando em relação a isso?
Gabriela: O período de atuação da gestão atual se encerra em outubro e após teremos novas eleições. Estamos buscando analisar quem demonstra interesse de continuar à frente da equipe e incentivar a entrada de novos membros.