O tema “Os desafios da inovação e internacionalização da pós-graduação brasileira” foi abordado pela presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e também ex-reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, em aula inaugural dos cursos de pós-graduação da Escola Politécnica, realizada na tarde do dia 8, no auditório André Rebouças, no Centro de Tecnologia da UFRJ.
A abertura do evento contou com a participação da diretora da Escola Politécnica, Cláudia Morgado, da diretora da Escola de Química, Fabiana Fonseca, e dos coordenadores do Programa de Engenharia Ambiental (PEA), Ana Lúcia Nazareth, do Programa de Projetos de Estruturas (PEE), Júlio Jerônimo, e do Programa de Engenharia Urbana (PEU), Júlio Boscher.
Inicialmente, a diretora da Escola Politécnica, Cláudia Morgado, deu as boas-vindas à presidente da Capes, e também apresentou alguns projetos de destaque vinculados à pós-graduação. “Além dos três programas (PEA, PPE e PEU), que estão avançando a cada ano, temos o PRH-17 da Engenharia Ambiental na Indústria de Petróleo, coordenado pelo professor George Brigagão, que foi prêmio Capes 2020. Outro projeto importante é o de modernização das engenharias, viabilizado através do edital Capes-Fulbright, que prevê a interação com instituições renomadas de ensino dos EUA”, destacou a diretora.
Na sequência, a presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, apresentou dados sobre o cenário brasileiro e mundial quanto à produção científica acadêmica. De acordo com a Web of Science 2013-2018, no Brasil, 95% dos trabalhos acontecem em instituições públicas, sendo que apenas 15 universidades centralizam 60% dessa ciência, entre elas: USP, Unesp, Unicamp, UFRJ, UFRGS, UFMG, Unifesp, UFPR, UFSC, UFPE, Unb, UERJ, UFScar, UFV, e UFSM. No mundo, a área de maior produção científica é a área da Engenharia, sendo ela responsável também pelo primeiro lugar no Brasil, o que demonstra o potencial do país na produção de conhecimento na área das Engenharias.
De acordo com a presidente da CAPES, nenhum país no mundo, nem aqueles que têm maiores índices educacionais desenvolveram-se de forma sócio econômica, sem que haja inovação e questionou:
– Mas o que falta no Brasil é a modernização das universidades, a geração de conhecimento, ou é o melhor investimento nas instituições, que tem capacidade instalada para gerar mais conhecimento, se associar em ecossistema com empresas de base tecnológica para passar de uma economia extrativista para uma economia diferente dessa que conhecemos hoje?
Para a ex-reitora da UFRJ, além de inovar, a mobilidade de estudantes de graduação e de pós-graduação é vista como fundamental nesse processo. “Nós precisamos começar a internalizar mais a ciência internacional. A gente precisa fazer com que estrangeiros venham para o Brasil participar das atividades de produção do conhecimento. Vamos trabalhar nos próximos anos para que possamos aumentar a mobilidade entre universitários”, concluiu a ex-reitora, que reconhece que ainda existe um fluxo maior de brasileiros para o exterior, do que o contrário.
De acordo com a coordenadora do PEA, Ana Lúcia Nazareth, o programa tem incentivado ações de internacionalização através de parcerias com instituições públicas e privadas nacionais e internacionais, com o objetivo de potencializar os financiamentos e intercâmbios de conhecimentos. “O processo de internacionalização do PEA/UFRJ foi iniciado através de ações individuais do seu corpo docente e vem tomando forças em escala institucional através da implementação de acordos formais entre o Programa de Engenharia Ambiental e instituições internacionais”, destacou a coordenadora.
Ela explica que dentro dos planos de ação com foco na inovação e internacionalização estão fomentar projetos de pesquisa, seminários, intercâmbios de pós-graduandos e professores, além de publicações com parceiros internacionais; articular políticas acadêmicas internacionalmente reconhecidas; oferecer disciplinas também em inglês e buscar o recrutamento de discentes e pesquisadores de pós-doutorado de fora do país.
Segundo o coordenador do PPE, Júlio Jerônimo, o acervo das dissertações já defendidas no programa indicam um alto padrão de qualidade e grande diversidade, obrigatoriamente com aspectos de inovação em seu campo de pesquisa, cobrindo os mais variados aspectos de Engenharia de Estruturas. “Outro aspecto de constante atenção no PPE é a busca de parcerias no exterior e o envio dos discentes para instituições de ponta fora do Brasil, para complementação de seu conhecimento”, pontuou.
Para o coordenador do PEU, Júlio Boscher, o processo de internacionalização é fundamental, pois proporciona aos pesquisadores da UFRJ aprender com parceiros de outros países que enfrentam desafios semelhantes. “Além disso, diversas soluções propostas podem também ser difundidas internacionalmente, pois as características das cidades brasileiras, principalmente grandes centros, são muito distintas e peculiares em relação a muitos países desenvolvimento de pesquisa avançado. Nesse sentido, o fomento à inovação e ao uso eficiente dos nossos recursos materiais e humanos são fundamentais para o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis”, disse.