Os objetivos, métodos e primeiros resultados do estudo “Monitoramento
Espaço-Temporal da Concentração de Sars-Cov-2 nos Esgotos Sanitários
da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) como Estratégia de
Apoio às Ações de Vigilância Epidemiológica da Covid-19”, promovido pela
Cedae, que está sendo desenvolvido desde outubro, foram apresentados
ontem (13/1), em webinar realizado pela Seção Rio de Janeiro da Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-RJ), com representantes
de todas as instituições envolvidas.
Com o nome abreviado de “Monitora Corona”, o estudo conta com a
participação da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES RJ), da
Abes-RJ, da Fiocruz e de unidades da UFRJ. A execução do projeto é
coordenada pelo Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da
Escola Politécnica da UFRJ (Drhima/Poli/UFRJ), com análises para detecção
viral realizadas pelo Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia
Paulo Góes da UFRJ.
A atuação do Drhima/Poli/UFRJ envolve a coleta das amostras, semanalmente,
nos dez pontos de monitoramento e o transporte para que sejam feitas as
análises de concentração, extração, detecção e quantificação viral. A coleta é
feita por técnicos do Laboratório de Meio Ambiente do Drhima e as análises
realizadas pelo Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia da
UFRJ.
Os resultados da quantificação viral são consolidados pelo Drhima
estatisticamente, na forma de gráficos, mapas e tabelas, disponibilizados em
boletins semanais e relatórios mensais à Fiocruz, para que esta realize as
intepretações cabíveis juntamente com a SES RJ. Todo o planejamento do
estudo contou com a participação de técnicos da Cedae, que também atuam
na execução do projeto.
“Os primeiros resultados já mostram a evolução da presença de fragmentos do
vírus no tempo e espaço em diferentes locais da Região Metropolitana do Rio.
Já sabemos que se trata de uma ferramenta de apoio para as estratégias da
Secretaria de Saúde no combate à epidemia da Covid-19, principalmente pela
identificação das áreas com maior concentração da carga viral”, comenta o
professor Isaac Volschan Junior, do Drhima/Poli/UFRJ, responsável pelo
coordenação executiva do estudo, em conjunto com a professora Iene
Figueiredo, num trabalho que envolve também alunos de doutorado, mestrado
e estagiários de graduação em engenahria ambiental.
A professora Luciana Jesus da Costa, do Departamento de Virologia do
Instituto de Microbiologia da UFRJ, responsável, juntamente com a
pesquisadora Sara Mesquita, pelas análises para detecção molecular do vírus,
assinala que o estudo também fortalece a pesquisa na Universidade, além da
grande importância de possibilitar ações de combate à Covid-19 específicas
nas localidades mais afetadas, atenuando impactos social e econômico.
“É um trabalho multidisciplinar que prepara a Universidade para responder a
outros desafios. Temos capacidade técnica e um estudo que envolve
dificuldades relacionadas a condições de biossegurança, estrutura, aporte
financeiro e logística, para não haver interrupção na aquisição de insumos
necessários para as análises, é um desafio importante”, avalia a professora
Luciana.
Durante o webinar, entre outros aspectos, o presidente da Cedae, Edes
Fernandes de Oliveira, e o presidente da Abes-RJ, Miguel Alvarenga
Fernández y Fernández, destacaram a importância do estudo e da parceria
inédita das instituições envolvidas, empenhadas em contribuir no
enfrentamento do grande desafio de saúde pública que é o combate à Covid-
19.
A coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de
Saúde do Rio de Janeiro (SES RJ), Gabrielle Damasceno da Costa Chagas, e
o pesquisador do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da ENSP/
Fiocruz Marcelo Guimarães Araújo assinalaram que, além das ações de
vigilância epidemiológicas de combate à Covid-19, o estudo futuramente vai
possibilitar a observação da efetividade das vacinas e análise de mutações do
vírus. “Trata-se de uma ação ativa para agregar estratégias e metodologias de
combate à Covid-19”, disse a coordenadora da SES RJ.
“Este estudo mostra outras contribuições do setor de saneamento.
Complementa as possibilidades de interpretação – uma vez que nem todos os
casos chegam a ser notificados”, resumiu o presidente da Abes-RJ. “São
possibilidades infinitas, tanto do ponto de vista acadêmico quanto
epidemiológico”, complementou a professora Luciana Costa.
O Monitora Corona foi estruturado de forma a cobrir vasta área territorial da
RMRJ, envolvendo partes dos municípios do Rio de Janeiro, Duque de Caxias,
Nilópolis, São João de Meriti, Mesquita, Belford Roxo e São Gonçalo. O estudo
seguirá até o final de julho, mas há possibilidade de ser ampliado para outros
pontos do Estado. Atualmente, as amostras de esgoto coletadas nos
municípios citados correspondem a quase 4 milhões de habitantes – cerca de
40% da população da Região Metropolitana.
Mais informações sobre o estudo no site www.monitoracoronarj.com.br .
O webinar pode ser assistido no canal da Abes-RJ
https://www.youtube.com/watch?v=aKZPX3dULzo&t=4286s e apresentações
dos palestrantes estão no site da Abes - http://abes-dn.org.br/?p=39593.
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