Projeto da Politécnica-UFRJ desenvolve soluções sustentáveis para reduzir a presença de lixo flutuante às margens da Ilha do Fundão

Publicado em: 01/06/2022 Escola Politécnica da UFRJ
Compartilhar:

Entre os problemas ambientais mais famosos e graves no estado do Rio de Janeiro está a poluição da Baía de Guanabara, que em alguns trechos, principalmente às margens, apresenta uma quantidade tão grande de lixo flutuante, que nem é possível ver a água. Diariamente, mais de 90 toneladas de resíduos, em sua maioria plásticos, são despejadas na baía, transportadas pelos rios dos municípios da Região Metropolitana, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Além do impacto negativo em um dos principais cartões postais do país, a presença desses resíduos compromete as atividades pesqueiras, os esportes náuticos e o desenvolvimento costeiro; representa um perigo à navegação e ao tráfego aéreo; e interfere no crescimento e saúde dos manguezais, afetando a vida marinha e sua diversidade.

Contudo, uma iniciativa socioambiental tem buscado uma solução para reduzir esse problema. Trata-se do projeto Orla Sem Lixo, vinculado à Escola Politécnica da UFRJ, responsável por desenvolver soluções efetivas e sustentáveis capazes de barrar o lixo flutuante que desemboca na baía e ao mesmo tempo criar um modelo de geração de trabalho e renda. O projeto, contemplado recentemente pelo edital Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, conta com a participação de mais de 70 integrantes, entre eles, professores, alunos de graduação, mestrado, doutorado e iniciação científica da UFRJ, UFF e IFRJ.

“Tudo começou a partir de uma demanda da Prefeitura Universitária da UFRJ. Eles nos procuraram para encontrar uma solução para o lixo no entorno da Ilha do Fundão. Daí, delineamos um projeto piloto, já entusiasmados com a perspectiva da reciclagem desses resíduos, mas identificamos outras frentes que seriam necessárias para compor o estudo de maneira mais ampla. A ideia é ter uma solução integrada e multidisciplinar, que crie oportunidade não apenas para desenvolver uma tecnologia, mas também para recuperar os ambientes de água, ecossistema e as comunidades no entorno”, explica a coordenadora do projeto, Susana Beatriz Vinzon, também professora do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Politécnica-UFRJ.

O trabalho, que acontece na Enseada de Bom Jesus, foi organizado em frentes que monitoram áreas de manguezal e as comunidades de caranguejo; analisam a condição atual da qualidade da água e do sedimento; levantam as condições ambientais (ventos, ondas e correntes) onde estão sendo instaladas as barreiras do lixo flutuante; colocam amostradores para quantificar o lixo que tem aportado, em diferentes profundidades da baía. Plataformas remotas, drones, metodologias de detecção automática e inteligência artificial são algumas das tecnologias utilizadas pelos pesquisadores no projeto.

Além disso, realizam encontros com comunidades de pesca sediadas na Ilha do Fundão, visando desenvolver um modelo de trabalho e renda para incluí-los na cadeia produtiva do lixo flutuante.

Em sua primeira ação, realizada no dia 30 de abril, na Prainha, o projeto recolheu mais de 300 quilos de lixo. Todos os resíduos coletados, de diferentes tipos, foram encaminhados para destinação adequada, com parte dos materiais plásticos sendo destinada para ensaios de reciclagem. E, no último dia 6 de junho, o Orla Sem Lixo voltou à região para uma nova coleta de material e estreitar vínculos com a comunidade acadêmica e com os pescadores.

Mais informações sobre o projeto em: https://orlasemlixo.com.

*Atualizado em: 13/06/2022